terça-feira, 8 de março de 2016

No Sofá no Festival de Curitiba: Escassez de água é o tema de “Urinal, o musical”


Montagem original estreou em Nova York, em 2001, e foi vencedora de três prêmios Tony

A versão brasileira da comédia “Urinal, o musical”, dirigida por Zé Henrique de Paula, tem 21 indicações a prêmios, entre eles o Shell e o APCA. Com 16 atores e cinco músicos no elenco, o espetáculo, que faz parte da Mostra 2016 do Festival de Curitiba, aborda a escassez de água em uma cidade.

Uma seca de 20 anos (época conhecida como os Anos Fedidos) causa uma terrível falta de água, fazendo com que banheiros particulares deixem de existir. Toda a atividade sanitária da população é realizada em banheiros públicos controlados por uma megacorporação chamada Companhia da Boa Urina, comandada pelo ardiloso Patrãozinho. Para controlar o consumo de água, as pessoas devem pagar para usar essas dependências.

Há leis severas garantindo que o povo pague para fazer xixi, e se elas forem quebradas, o culpado é enviado para uma suposta colônia penal chamada “Urinal”, de onde os criminosos jamais retornam. Tudo caminha bem, até que o jovem Bonitão, incitado pela bela e radiante Luz, aprende a ouvir seu coração e inicia uma revolta popular que pode mudar o destino de todos.

“A escolha do texto se deu, principalmente, pela atualidade e contundência dos temas que aborda: o consumismo, o poder das corporações, a escassez de recursos naturais e a vida em padrões sustentáveis. Em meio à maior crise hídrica já vivida no estado deSão Paulo, nos parece essencial trazer ao debate as consequências de um estilo de vida que já ultrapassou todos os limites de sustentabilidade. Por meio do humor e da música, questões urgentes são trazidas à cena, ilustrando um futuro apocalíptico que em muito se assemelha ao presente que vivemos”, afirma o diretor Zé Henrique de Paula.

A montagem tem como inspiração principal os cabarés alemães na primeira metade do século XX, especialmente da obra de Brecht e Weil. “Os próprios autores declararam beber diretamente da Ópera de três vinténs, cuja ambiência sombria e decadente lembra muito ade Urinal. Ao mesmo tempo, a peça é uma distopia futurista a la George Orwell e Aldous Huxley, o que nos impeliu a estudar essa forma específica e as inúmeras maneiras de aplicá-la a uma encenação teatral”, completa Zé Henrique.

“Em Urinal experimentamos trabalhar com um musical americano em moldes completamente diferentes dos que observamos em musicais desse tipo, mesmo em nosso país. Primeiro, não realizamos audições, o elenco é quase todo formado por atores com grande experiência em teatro e com pouca ou nenhuma experiência em musicais. Segundo, o tratamento sonoro, há uma heterogeneidade muito grande de idades e tipos físicos dentro do elenco e isto se reflete na sonoridade do grupo”, afirma a diretora musical Fernanda Maia. Uma banda instrumental formada por piano, baixo, bateria, clarinete, saxofone e trombone, acompanha o espetáculo.

A cenografia e figurinos são assinados por Zé Henrique de Paula. A peça se passa em vários espaços e foi criado um dispositivo cenográfico com escadas e níveis, que multiplicam e diversificam esses ambientes. A inspiração são os becos vitorianos, as imagens deGotham City, as fábricas abandonadas e a arquitetura dos banheiros públicos no fim do século XIX.

“É muito importante salientar que a grande maioria dos recursos materiais usados na montagem (material de cenário, figurino e iluminação) foi reciclada e não comprada. Tecidos, madeira, ferragens, aviamentos, mobiliário, objetos, tudo foi reciclado de doações recebidas e acervo do grupo. Esse material recebeu tratamento adequado e foi customizado às necessidades da produção, gerando aproveitamento integral de recursos e mínima geração de resíduos durante sua execução”, finaliza o diretor.

Realizado pelo Núcleo Experimental com recursos provenientes do Prêmio Zé Renato de apoio à produção e desenvolvimento da atividade teatral para a cidade de São Paulo, Urinal tem preparação de atores de Inês Aranha, que também é responsável pelas coreografias ao lado de Gabriel Malo. O projeto sonoro é de Raul Teixeira e a coordenação de produção de Claudia Miranda.

Reconhecimento:

A montagem recebeu 21 indicações a prêmios: ao APCA, de direção, premiação já conquistada por Zé Henrique de Paula; três indicações ao prêmio Shell (direção, ator e figurino), oito indicações ao prêmio Bibi Ferreira (direção, direção musical, versões, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, figurino, atriz e musical), cinco indicações ao prêmio Aplauso Brasil (direção, iluminação, ator coadjuvante, atriz coadjuvante e musical) e quatro indicações ao Prêmio Arte Qualidade Brasil (espetáculo, ator, atriz e direção). A montagem original, Urinetown, dos americanos Greg Kotis e Mark Hollmann, estreou em Nova York em 2001, e foi vencedora de três prêmios Tony.

Ingressos:

A venda dos ingressos será pelo site www.festivaldecuritiba.com.br e nas bilheterias oficiais do evento, instaladas no Shopping Mueller, no Palladium Shopping Center, no ParkShoppingBarigüi e o Pátio Batel.  Os ingressos para os espetáculos da Mostra custam entre R$ 30,00 e R$ 70,00 (inteira). Os preços para os trabalhos do Fringe variam de gratuitos a R$ 60,00 (inteira), além da taxa administrativa do emissor do bilhete.

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