A organizadora do
Litercultura, Manoela Leão, abriu a terceira edição do evento na noite de
sexta-feira, dia 28 de agosto e convidou para o palco do Palacete Garibaldi o
autor e cineasta argentino Alan Pauls para a abertura. Pauls se considera um
‘doble impostor’ enquanto ator, pois atuou não por se considerar talentoso mas
porque diretores acreditaram que daria certo.
Nascido em Buenos Aires em 1959, graduou-se jornalista e foi editor do suplemento cultural do diário Página 12 e também crítico de cinema. Sua carreira na literatura começou com o romance O Pudor do Pornógrafo, publicado em 1984, e seu livro O Passado, de 2003, foi adaptado para o cinema em 2007 pelas mãos de Hector Babenco, diretor do filme Carandiru, de 2003.
Em sua apresentação no festival, Alan Pauls (foto) também falou de sua trilogia composta pelas obras História do Pranto, História do Cabelo e História do Dinheiro, em que retratou a ditadura militar argentina dos anos 70 a partir do olhar da classe média. A carreira do múltiplo artista também incluí participação no filme Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual, de 2011, em que o criador de personagens interpretou um.
A segunda mesa também foi uma conversa
descontraída. A antropóloga Lilia Schwarcz brincou e perguntou se podia falar
significação, palavra ‘proibida’ em Brasil:
uma Biografia escrito em conjunto com a historiadora Heloisa Starling.
Ambas vêm da academia e comentaram do cuidado com a linguagem, que deveria atingir
um público amplo. A obra apresenta um Brasil complexo e ambíguo.
O segundo
dia começou com histórias sobre dois autores de Curitiba, contadas por Joca
Reiners Terron e Christian Schwartz. Terron falou dos ‘vários’ Karams no Manoel
Carlos Karam, desde seu primeiro contato enquanto leitor, até as conversas
telefônicas e o convívio pessoal. Schwartz contou algumas das marcas pessoais
de Jamil Snege, entre elas o humor ácido e um de seus métodos de venda - ele mencionava
uma pessoa no livro e a convidava para o lançamento.
A
mesa seguinte foi com João Anzanello Carrascoza e Marcelino Freire. Marcelino
contou do projeto Quebras, em que viajou para capitais fora dos grandes centros
urbanos. “Leitura é reescritura da gente” disse Carrascoza, que comparou a
escrita ao moldar esculturas, um trabalho para tirar os excessos. Isso tem relação
com seus microcontos, feito Vigília: “pronto nos olhos, o pranto só espera a
notícia”.
Na
terceira sessão de sábado, José Castello e Paulo Venturelli falaram de como
suas leituras influenciam na escrita. Venturelli se descreveu como obsessivo,
mesmo em outras atividades é como se escrevesse. Por sua vez, José Castello
considera toda escrita uma organização interna, pois os pensamentos são zonas
de combate para ele.
O Litercultura abrigou neste
terceiro capítulo o sarau erótico Sex Libris, um evento novo em Curitiba cuja
primeira edição foi em junho. Reinaldo Moraes e Eliane Robert Moraes dialogaram
a relevância do erotismo na literatura, bate-papo sucedido por uma performance
das atrizes
Chiris Gomes, Katia Horn e Melina
Mulazani.
O último dia teve um debate entre o filósofo Luiz Felipe
Pondé e o psicanalista Christian Ingo Lenz Dunker, graças às explicações das
posições políticas de cada um a instigantes comentários sobre as ligações entre
política e sociedade. “Acho boa a polarização em alguma medida”, afirmou Pondé,
para quem a liberdade tende a acentuar conflitos.
A segunda
mesa realçou a literatura de Teixeira Coelho, autor conhecido por obras
voltadas às políticas e reflexões culturais. Em seguida o músico Zé Miguel
Wisnik apresentou uma aula-show, com explicações do casamento entre ritmo e
verso, e até pediu para o público cantar alguns versos. A última sessão foi com
os holandeses Arnon Grunberg e Tommy Wieringa, que vieram pelo Café Amsterdã, apresentação da
literatura holandesa, ainda nova no Brasil. O encerramento do festival foi um
show de Jards Macalé na sede Concórdia do Clube Curitibano.
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