sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Litercultura: o mundo a partir da leitura

A organizadora do Litercultura, Manoela Leão, abriu a terceira edição do evento na noite de sexta-feira, dia 28 de agosto e convidou para o palco do Palacete Garibaldi o autor e cineasta argentino Alan Pauls para a abertura. Pauls se considera um ‘doble impostor’ enquanto ator, pois atuou não por se considerar talentoso mas porque diretores acreditaram que daria certo.
Nascido em Buenos Aires em 1959, graduou-se jornalista e foi editor do suplemento cultural do diário Página 12 e também crítico de cinema. Sua carreira na literatura começou com o romance O Pudor do Pornógrafo, publicado em 1984, e seu livro O Passado, de 2003, foi adaptado para o cinema em 2007 pelas mãos de Hector Babenco, diretor do filme Carandiru, de 2003.
Em sua apresentação no festival, Alan Pauls (foto) também  falou de sua trilogia composta pelas obras História do PrantoHistória do Cabelo e História do Dinheiro, em que retratou a ditadura militar argentina dos anos 70 a partir do olhar da classe média. A carreira do múltiplo artista também incluí participação no filme Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual, de 2011, em que o criador de personagens interpretou um.


 A segunda mesa também foi uma conversa descontraída. A antropóloga Lilia Schwarcz brincou e perguntou se podia falar significação, palavra ‘proibida’ em Brasil: uma Biografia escrito em conjunto com a historiadora Heloisa Starling. Ambas vêm da academia e comentaram do cuidado com a linguagem, que deveria atingir um público amplo. A obra apresenta um Brasil complexo e ambíguo.

O segundo dia começou com histórias sobre dois autores de Curitiba, contadas por Joca Reiners Terron e Christian Schwartz. Terron falou dos ‘vários’ Karams no Manoel Carlos Karam, desde seu primeiro contato enquanto leitor, até as conversas telefônicas e o convívio pessoal. Schwartz contou algumas das marcas pessoais de Jamil Snege, entre elas o humor ácido e um de seus métodos de venda - ele mencionava uma pessoa no livro e a convidava para o lançamento.

            A mesa seguinte foi com João Anzanello Carrascoza e Marcelino Freire. Marcelino contou do projeto Quebras, em que viajou para capitais fora dos grandes centros urbanos. “Leitura é reescritura da gente” disse Carrascoza, que comparou a escrita ao moldar esculturas, um trabalho para tirar os excessos. Isso tem relação com seus microcontos, feito Vigília: “pronto nos olhos, o pranto só espera a notícia”.
            Na terceira sessão de sábado, José Castello e Paulo Venturelli falaram de como suas leituras influenciam na escrita. Venturelli se descreveu como obsessivo, mesmo em outras atividades é como se escrevesse. Por sua vez, José Castello considera toda escrita uma organização interna, pois os pensamentos são zonas de combate para ele.
            O Litercultura abrigou neste terceiro capítulo o sarau erótico Sex Libris, um evento novo em Curitiba cuja primeira edição foi em junho. Reinaldo Moraes e Eliane Robert Moraes dialogaram a relevância do erotismo na literatura, bate-papo sucedido por uma performance das atrizes Chiris Gomes, Katia Horn e Melina Mulazani.

               O último dia teve um debate entre o filósofo Luiz Felipe Pondé e o psicanalista Christian Ingo Lenz Dunker, graças às explicações das posições políticas de cada um a instigantes comentários sobre as ligações entre política e sociedade. “Acho boa a polarização em alguma medida”, afirmou Pondé, para quem a liberdade tende a acentuar conflitos.

A segunda mesa realçou a literatura de Teixeira Coelho, autor conhecido por obras voltadas às políticas e reflexões culturais. Em seguida o músico Zé Miguel Wisnik apresentou uma aula-show, com explicações do casamento entre ritmo e verso, e até pediu para o público cantar alguns versos. A última sessão foi com os holandeses Arnon Grunberg e Tommy Wieringa, que vieram pelo Café Amsterdã, apresentação da literatura holandesa, ainda nova no Brasil. O encerramento do festival foi um show de Jards Macalé na sede Concórdia do Clube Curitibano.


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