domingo, 6 de maio de 2012

CULTURA NO SOFÁ... XANADU

    Foto: Caio Gallucci/Especial/No Sofá

Por João Nunes/Especial-POA/RS

****Após temporada de sucesso no Rio de Janeiro, Xanadu inicia uma turnê nacional com Danielle Winits, Miguel Falabella e Danilo Timm encabeçando o elenco.

A versão brasileira do musical da Broadway passa por Porto Alegre fazendo curta temporada no Teatro do Sesi, de 31 de maio a 3 de junho, com sessões quinta e sexta, às 21h, sábado, às 18h e às 21h, e domingo, às 18h. Confira serviço da coluna No Sofá...abaixo da matéria.

A trajetória de Xanadu já o transformou num clássico. Começou com o filme, um dos símbolos mais representativos da iconoclastia de excessos da década de 80. Recebido com expectativa e capitaneado por uma estrela à época, Olivia Newton-John, o longa eternizou canções que povoam o imaginário das pessoas até hoje. Alem disso, tornou-se cult  com o passar do tempo e serviu como base para o musical homônimo que estrearia na Broadway em 2007. Com libreto de Douglas Carter e música de Jeff Lyne e John Farrar, esta encenação obteve um imenso sucesso, tendo sido indicada inclusive a quatro prêmios Tony e ganho o importante Drama Desk. Desta montagem vem a inspiração para a superprodução (em todos os sentidos) dirigida por Miguel Falabella, com versão de Artur Xexéo (em sua segunda incursão teatral).

Enquanto a matriz americana usa e abusa dos cânones máximos da cafonice oitentista, a releitura brasileira também o faz mas com ‘‘uma pimenta, um molho todo nosso”, segundo Falabella. E o diretor segue à risca a premissa do (entre outros ofícios) semiólogo Umberto Eco de que "o kitsch é a comunicação que tende à provocação do efeito’’ e conduz um espetáculo que ri de si mesmo:

- Xanadu é um musical esquizofrênico.  Esta miscelânia de Grécia Antiga com anos 80 não pode ser logicamente conceituada. Xanadu não se explica, não se teoriza sobre ele. Apenas se vive! Afinal, são sensações e experiências bem fortes as que ele proporcionadefine com bom humor.

O tempero à brasileira de Xanadu vem de uma tradição que remonta da antropofagia oswaldiana, se desdobra no cafonismo tropicalista, devorando as referências que vêm de fora e gerando um resultado muito particular, todo mergulhado no escracho e com uma quintessência carnavalesca. Não obstante, a ação foi toda vertida para o Brasil:

- Esse musical é um besteirol, e o público brasileiro gosta do gênero. O Miguel sempre disse: "Vamos fazer o nosso Xanadu, um Xanadu brasileiro". No original, Clio/Kira, feita pela Danielle, desce à Terra acreditando que está em Veneza. Na verdade, ela está em Venice Beach, na Califórnia. O texto já estava pronto, os ensaios já tinham começado, quando o Miguel teve a ideia de que Kira, acreditando que chegara a Paris, em 1880, na verdade estava na Praça Paris, no Rio de Janeiro, em 1980 – explica Xexéo, responsável pela delicada transposição não só geográfica como idiomática: “É bem difícil verter as canções. Pra começar, não se pode fazer uma tradução literal. Se fosse assim, iria sobrar letra ou música. E, por mais que você não faça tradução literal, é importante manter a ideia do autor e o máximo de referências possíveis a versos da letra  original. E a métrica? Meu Deus, a métrica! É preciso respeitar a métrica. Eu sonhava com métrica”, conclui.

Em Xanadu, os deuses da mitologia grega descem à Terra para ajudar os humanos. Entre eles, Clio – uma semideusa que adota o nome de Kira quando se disfarça como terrena  –, que vem ajudar Sonny Malone (Danilo Timm), um artista incompreendido que pretende abrir uma casa noturna diferente de tudo que havia sido feito até então. Para isso, ela conta com a ajuda de Danny Mc Guire (Miguel Falabella, que também interpreta Zeus). Duas atrizes com trajetórias de respeito em musicais também encabeçam a escalação: Sabrina Korgut (Calíope/Afrodite) e Gottsha (Melpômene/Medusa). Completam o elenco Maurício Xavier, Brenda Nadler, Karin Hils, Fabrício Negri, Lucas Drummond, Giovanna Cursino, Carla Vazquez e Danilo Timm.


    Foto: Caio Gallucci/Especial/No Sofá

A direção musical e vocal fica a cargo de Carlos Bauzys, que comanda um sexteto formado por Daniel Rocha (regência/guitarra/violão), Bernardo Ramos (guitarra/violão), Priscilla Azevedo e Heberth Souza (teclado), Raul D’Oliveira (baixo) e Rafael Maia (bateria), com o intuito de reproduzir com exatidão a sonoridade bem característica da época: “Acho fantástica essa capacidade da música de Xanadu pois, sim, é datada, mas também atemporal! Afinal, já resiste ao menos há três décadas na memória das pessoas o que, só por esse fato, já prova sua qualidade e beleza. Fora isso, claro, os magníficos arranjos vocais e a maneira como se usavam as guitarras e os sintetizadores, que procuramos reproduzir neste espetáculo”, contextualiza o maestro. E complementa: “Apesar de se tratar de uma comédia, onde temos uma sátira da maneira de ser e de se vestir no mundo ocidental dessa época, a música me parece transcender a isso. Ela nos leva, sim, à época de onde se originou, mas ainda nos traz um sentimento muito bonito, de ingênua felicidade”.

No plano cênico, Nello Marrese procurou não só materializar esteticamente os caminhos traçados e delineados por Falabella e Xexéo, como também reproduzir toda a grandiosidade que um musical destas proporções exige. “Criei um cenário lúdico, divertido, mas totalmente de acordo com o novo subtexto criado por Artur e Miguel. E, ao mesmo tempo, suntuoso, tecnológico e surpreendente. Nesta montagem, Xanadu pode ser em qualquer lugar do planeta, inclusive no Brasil. Um Brasil escrachado e com elementos do teatro de revista”, conceitua. O cenário base é inspirado numa pista de skate de Los Angeles, com referência estética dos grandes grafiteiros, que tiveram seu último estouro justamente nos anos 80. A partir disso, há uma sucessão de transformações na área cênica ao longo do espetáculo. Segundo Nello, “a ação se passa a maior parte na rua, há uma profusão de ambientes externos".

À experiente Fernanda Chamma coube o desafio de recriar as coreografias originais, a exemplo das antológicas acrobacias com patins.  Assim como os demais segmentos, Fernanda seguiu a linha bem humorada proposta pelo diretor: “Reviver os anos 80 foi divertido e inspirador. Vivi essa febre sobre patins e os tempos áureos do jazz dance que marcaram essa época. Este fato, junto à liberdade de criação com que o Miguel me presenteou, tornaram este trabalho  especial. Desenvolvi uma estrutura coreográfica americana (que adoro e faz parte do meu estilo de trabalho), com desenho de movimentos e situações, acompanhando a proposta irreverente da obra e a característica de cada personagem”, dá a pista.

Completam a equipe os renomados Paulo César Medeiros (iluminação) e Marcelo Pies (figurinos), responsável por recriar o estilo inconfundível da moda oitentista através de mais de cem figurinos e dezenas de trocas de roupas. Este projeto é patrocinado pela SulAmérica, pela Eurofarma e pela Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Rio de Janeiro.

Enfim, Xanadu é kitsch, intencionalmente cafona, excessivo e confronta o dito bom gosto estabelecido com uma vasta gama de cores berrantes e ícones máximos do exagero dos anos 80. É também um exemplo de legítimo e até ingênuo entretenimento pop, um delírio dadaísta. E que pelas habilidosas mãos de Miguel Falabella e Artur Xexéo desloca o subtexto e ri, com deboche e ironia, das próprias idiossincrasias. Kira e Sony são interpretados por Danielle Winits (e outrora por Olivia Newton-John) e Danilo Timm, mas neste Xanadu todo nosso poderiam tranquilamente ganhar vida através de nomes como Carmem Miranda, Dercy Gonçaves, Sônia Mamede, Oscarito...

FICHA TÉCNICA:
Texto: Douglas Carter Beane
Músicas: Jeff Lynne e John Farrar
Letras: Jeff Lynne e John Farrar
Versão Brasileira: Artur Xexéo
Direção Geral e Artística: Miguel Falabella

Baseado no filme da Universal Pictures  
Roteiro de Richard Danus e Marc Rubel
Originalmente produzido na Broadway por: Robert Ahrens, Dan Vickery,Tara Smith/B. Swibel, Sara Murchison/Dale Smith e Cari Smulyan

Elenco:
Clio; Kira - Danielle Winits
Sonny Malone - Danilo Timm
Danny Maguire; Zeus - Miguel Falabella
Calíope; Afrodite; Cover Danielle Winits - Sabrina Korgut
Melpômene; Medusa - Gottsha
Terpsícore; Sereia; The Tubes; Eros; Hermes; Centauro - Maurício Xavier
Euterpe; Sereia; The Andrew Sisters; Tétis - Brenda Nadler
Érato; Sereia; The Andrew Sisters; Hera - Karin Hils
Tália; Sereia; The Tubes; Danny Jovem (Sapateador); Ciclope - Fabrício Negri
Urânia; Sereia; The Tubes; Ninfa - Lucas Drumond
Polínia; Sereia; Ninfa; Andrew Sister - Giovanna Cursino
Pedestre; Sereia; Ninfa; Swing, Dance Captain - Carla Vazquez
Pit Singer; The Tubes; Cover Thiago Fragoso - Danilo Timm

Direção Musical e Vocal: Carlos Bauzys
Coreografias: Fernanda Chamma
Diretora Assistente: Cininha de Paula
Figurinista: Marcelo Pies
Cenógrafo: Nello Marrese
Iluminação: Paulo Cesar Medeiros
Design de Som: Gabriel D’Angelo
Visagismo: Anderson Bueno

SERVIÇO:

XANADU
Dias 31 de maio, 1º, 2 e 3 de junho
De quinta-feira a domingo
Teatro do Sesi
(Avenida Assis Brasil, nº 8787)

Duração: 1h40min
Classificação: 12 anos

INGRESSOS PROMOCIONAIS


DATAS/SETORES
Mezanino
Plateia Alta
Plateia Baixa
Plateia Gold
31/05 (quinta-feira), às 21h
R$ 90,00
R$ 130,00
R$ 150,00
R$ 180,00
1º/06 (sexta-feira), às 21h
R$ 110,00
R$ 150,00
R$ 170,00
R$ 190,00
02/06 (sábado), às 18h e 21h
R$ 110,00
R$ 150,00
R$ 170,00
R$ 190,00
03/06 (domingo), às 18h
R$ 110,00
R$ 150,00
R$ 170,00
R$ 190,00


- 50% de desconto para titular do cartão Clube do Assinante Zero Hora e um acompanhante adquirido através da Telentrega Ingresso Show, nos 200 primeiros ingressos;
- 10% de desconto para titular do cartão Clube do Assinante Zero Hora e um acompanhante;
- 5% de desconto somente para titular do cartão Clube Premier Bourbon na compra de um ingresso.
* Descontos não-cumulativos.

Forma de Pagamento: Cartão de crédito (1x), débito e dinheiro.

Pontos de venda:
Call Center: 4003-1212

Bilheteria do Teatro Bourbon Country
Endereço: Av. Túlio de Rose, 80 SUC, 301 A Passo da Areia
Horário de atendimento: segunda a sábado, das 14h às 22h, aos domingos e feriados, das 14h às 20h.

Telentrega Ingresso Show
Telefone: (51) 8401-0555
Horário de atendimento: segunda à sexta, das 9h às 19h   

Bilheteria do Teatro do Sesi
Somente nos dias de apresentação: de 31 de maio a 03 de junho
Horário: duas horas antes de cada sessão

Promoção: Clube do Assinante Zero Hora
Realização: Opus Promoções

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