sexta-feira, 1 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher: Fotógrafa e Escritora Lair Leoni Bernardoni No Sofá com João Nunes

    Foto: Divulgação/No Sofá

Ana Lavratti / Santa Catarina


Os “portraits” assinados por Lair Leoni Bernardoni estão em capas de livros, campanhas publicitárias, em galerias da Europa, no acervo do The Image Bank – o Banco Mundial da Fotografia – e em três livros de arte de sua autoria. O mais curioso, no entanto, para quem conhece o requinte da arte desta fotógrafa catarinense, não é o sucesso internacional que ela tenha alcançado, destino bastante previsível dada a qualidade de seu trabalho, mas o fato de ela ter descoberto a vocação de forma tão caseira e tardia.
     Aos 44 anos, nos idos dos anos 80, ao ajudar a sobrinha a provar o vestido de debutante, a tia-coruja não resistiu. “Ela estava sentadinha na minha cama, só com as anáguas fartas de tule, e com uma luz sobre o cabelo loiro. Paralisei. Era linda a imagem. Tomei a câmera e disse: não te move, eu vou te fotografar”, lembra Lair, que ao criar o vestido nunca imaginou o quanto ele alinhavava sua consagração. “Naquele momento eu estava mudando o ponteiro da minha vida. Foi tão mágico, tão fantástico, que eu não consegui terminar a prova da roupa. E pensava: é isso que eu sei fazer, é isso. Mandei o filme para revelar e quando abri o envelope vi que eram 36 fotografias absolutamente lindas. Joguei tudo para cima e saí correndo como criança, gritando: eu sou fotógrafa, é isso que eu sou”...
     Desde então, tudo mudou para a “amarelinha” de São Francisco do Sul, mãe de cinco filhos, protagonista de um amor Bodas de Ouro com o marido, Cleophano, e fotógrafa auto-didata que coleciona fãs e discípulos. “As pessoas costumam dizer que a minha pintura e os meus quadros são lindos. E eu tenho que explicar que não pinto, eu fotografo. Só preciso de uma luz de janela e da minha Nikon perto do coração, porque ela conhece meu descompasso. Mas a luz é a grande artífice. Eu e a câmera analógica, a mesma de 30 anos atrás, somos apenas coadjuvantes neste êxtase de contemplação, nesta busca pela perfeição que leva a fotografia a ser confundida com uma pintura”, explica a artista que tem o privilégio de contar com seis obras no Musée Français de la Photographie.
     “Cada um escolhe um oxigênio para suprir seus dias. O meu é composto por letras e clics”, resume Lair, que mesmo sem se render às facilidades da câmera digital, disponibiliza boa parte de seu acervo, incluindo “portraits”, instantâneos da natureza e imagens de todos os continentes, em seu portfólio digital, no www.lairbernardoni.com.br. Antes de colecionar milhas, viajando para o exterior repetidas vezes ao ano a fim de “imortalizar” os mesmos cenários em diferentes estações, Lair teve o privilégio de protagonizar o reverso: mostrar a beleza brasileira, mundo afora, em exposições nos mais nobres espaços, como a Galerie Debret, em Paris, o Palazzo Pamphilli, em Roma, a Icaro Room no Rockfeller Center, em Nova York, a Galeria da Municipalidade, em Ottawa, e o Centro Cultural da Municipalidade, em Atenas.
     “A leitura que o público fazia de meus “portraits” era de uma beleza feminina internacional e essa notoriedade é das conquistas mais marcantes da minha vida. De repente percebi que a fotografia lírica brasileira não apenas era aplaudida, mas seguida, como referência de uma linguagem universal”, explica a fotógrafa que compila, no livro Pinceladas de Luz, uma pequena parcela da comoção que promove, assinada por (re)nomes da Literatura, como, por exemplo, Pasquale Cipro Neto, Mario Quintana, Artur da Távola, Thiago de Mello e Lindolf Bell. 
Em 2013, uma retrospectiva destes 30 anos dedicados à arte vai revelar onde se pode chegar quando se deixa o casulo, ou, no caso de Lair, a pacata ilha que abriga o Farol onde vive. “Será uma compilação dos melhores momentos sim, mas vai passar longe de um ponto final. É hora de alçar novos voos, alargar os horizontes, conhecer mais gente que agregue à vida a essência que enriquece o exercício de cada dia”, promete, incansável, insuperável, já ansiosa pela mostra que estreia no dia 12 de abril, no Museu de Arte de Santa Catarina.  
 Parabéns Lair Bernardoni, a coluna No Sofá...com João Nunes tem o orgulho profissional de começar o Mês em Homenagem às Mulheres com sua entrevista.



Nenhum comentário: